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- por Guilherme Oliveira
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Polícia Militar Realiza Desocupação Forçada na UERJ
No dia 20 de setembro de 2024, uma ação policial na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) causou grande repercussão. A Polícia Militar (PM) executou uma ordem judicial para desocupar o campus principal da universidade, onde estudantes protestavam havia 56 dias contra mudanças nos critérios de concessão de bolsas de estudo. O choque entre há estudantes e a PM acabou resultando em detenções e uso de força.
A decisão judicial partiu da 13ª Vara de Fazenda Pública do Estado do Rio de Janeiro e foi assinada pela juíza Luciana Lopes. O pedido de desocupação teve como base a desobediência dos estudantes a um prazo de 24 horas para desocupar o campus, estabelecido pela mesma vara. A PM utilizou bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar os manifestantes que se recusavam a deixar o local por conta própria.
Detenções de Personalidades e Estudantes
Entre os detidos, estava o deputado federal Glauber Braga, do PSOL/RJ, conhecido apoio às causas estudantis e de movimentos sociais. Além dele, dois estudantes e um jornalista foram presos, conforme relatou a advogada Clarice Chacon. A detenção de Braga, uma figura pública bastante ativa, gerou reações acaloradas de diversos setores da sociedade, incluindo pares políticos e grupos de direitos humanos.
Segundo a UERJ, a administração vem tentando negociar com os estudantes para evitar a escalada de um confronto, mas lamentou o que chamou de 'intransigência de grupos extremistas'. Como resultado da ação, a UERJ relatou que um policial foi ferido e precisou ser levado ao hospital. Não houve registro de feridos entre os estudantes, apesar do uso de força por parte da PM.
Protestos Contra 'Aeda da Fome'
Os estudantes iniciaram a ocupação em protesto contra a Decisão Administrativa Executiva 038/2024, apelidada de 'Aeda da Fome', que reduziu a assistência a estudantes de baixa renda. A mudança nas regras para a concessão da Bolsa Apoio à Vulnerabilidade Social (BAVS) foi o estopim das manifestações, levando a uma ocupação que durou quase dois meses. A bolsa é um auxílio crucial para que muitos estudantes possam se manter na universidade, cobrindo alimentação, transporte e outros custos básicos.
A administração da UERJ argumentou que novos atos de vandalismo foram identificados durante a ocupação, além dos que já haviam sido relatados anteriormente. Mesmo em meio ao tumulto, o governo do Rio de Janeiro comprometeu-se a transferir R$ 150 milhões para a UERJ. Esse montante seria utilizado para cobrir diversas despesas, incluindo a assistência financeira a estudantes que não se enquadraram nos novos critérios da BAVS.
Repercussão e Futuro das Manifestações
Os acontecimentos na UERJ reverberaram por várias partes do país. Entidades estudantis, sindicatos e figuras políticas se manifestaram em solidariedade aos estudantes. A prisão de um deputado e de um jornalista levantou questões sobre a liberdade de expressão e o direito à manifestação, polarizando ainda mais o debate público sobre as ações policiais e as decisões administrativas.
As mudanças nos critérios da BAVS são vistas pelos estudantes como um ataque direto à inclusão social no ensino superior público. Para muitos, a bolsa representa uma oportunidade de acesso à educação, crucial para a ascensão social e profissional em um país ainda marcado pela desigualdade.
A administração da UERJ, por outro lado, reafirmou seu compromisso com a educação inclusiva, apontando que as mudanças são necessárias para garantir a sustentabilidade financeira da universidade em um cenário de crescentes dificuldades orçamentárias. A questão de fundo envolve complexas discussões sobre financiamento público, prioridades administrativas e o papel do ensino superior na promoção da equidade social.
A sociedade ainda espera que novas negociações possam ocorrer, buscando um meio-termo entre as demandas estudantis e as capacidades administrativas da universidade. O caso da UERJ é emblemático e pode servir de alerta para outras instituições públicas de ensino superior que enfrentam desafios similares.
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