Luiz Almir denuncia ao vivo crise financeira da Band no Rio Grande do Norte

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Luiz Almir denuncia ao vivo crise financeira da Band no Rio Grande do Norte

Quando Luiz Almir, apresentador da Band no Rio Grande do Norte, subiu ao ar no telejornal Acontece em 1 de setembro de 2025, fez um desabafo que expôs a crise financeira da emissora.

Contexto da situação da Band na região

A Band vem enfrentando dificuldades de caixa desde o início de 2025, reflexo de um cenário nacional de queda na publicidade e de atrasos nos repasses de afiliadas. Na filial do Rio Grande do Norte, onde Luiz Almir iniciou a carreira no rádio antes de migrar para a TV, os efeitos foram ainda mais visíveis: redução de horário, cortes de salários e pedidos para que veteranos abrissem empresas como pessoa jurídica, prática conhecida como "pejotização".

Essas medidas foram justificadas internamente como tentativa de “reorganizar o fluxo de caixa”. No entanto, o discurso oficial nunca chegou ao público, o que acabou gerando murmúrios entre jornalistas e sindicatos.

O desabafo de Luiz Almir e suas reivindicações

Durante o telejornal, Luiz Almir declarou, em tom emocionado: "Se há problemas na sua rua, no seu bairro, a gente vai tentar ajudar na medida do possível, mesmo com meia hora. Eu tenho sofrido aqui o pão que o diabo encomendou". Ele acrescentou que, após 30 anos na emissora, jamais havia sido tratado de forma tão "maltratada".

Segundo Almir, o salário foi "cortado pela metade" e "tiraram o meu tempo" de transmissão. O pedido para que ele criasse uma pessoa jurídica seria, segundo ele, "uma tentativa de disfarçar a relação empregatícia". "Estou sofrendo muito, mas vamos para frente. Tudo é no tempo de Deus, né? E a Justiça está aí", afirmou.

Como a crise afetou a programação e acordos comerciais

Em meados de setembro, a Band precisou vender faixas horárias da madrugada para a Igreja Universal do Reino de Deus. O acordo, selado entre 7 e 8 de setembro de 2025, incluiu a ocupação de blocos de programação que antes eram destinados a notícias regionais.

  • Horário vendido: 00h00 às 04h00 nas noites de segunda a quinta‑feira.
  • Exclusão: sextas‑feiras e sábados permaneceram livres para eventual programação esportiva.
  • Objetivo: gerar receita imediata para honrar pagamentos de vale‑refeição atrasados.

O atraso no vale‑refeição, anunciado para 1 de setembro, foi justificado como um "problema operacional". Funcionários foram orientados a aguardar a regularização, que ainda não havia ocorrido até a data da publicação.

Impacto na cobertura da Fórmula 1 e na equipe de produção

A crise atingiu também a cobertura esportiva. O contrato da Band com a Fórmula 1 estava programado para acabar em 2025, e a emissora ainda precisava pagar pendências à empresa responsável pela produção das transmissões.

Segundo a repórter titular Mariana Becker, a equipe de produção deu um ultimato de 30 horas para quitação das dívidas, o que não foi cumprido a tempo. Como consequência, o cinegrafista Gianfranco Marchese e o produtor Lucas Brito foram impedidos de embarcar para Singapura, deixando a reportagem vulnerável.

O impasse foi resolvido apenas horas antes do terceiro treino livre do GP de Singapura 2025, transmitido ao vivo por Brasília. Apesar da solução de última hora, a situação evidenciou a fragilidade financeira da emissora.

Reações das partes envolvidas e perspectivas futuras

Reações das partes envolvidas e perspectivas futuras

Até o momento, a diretoria da Band não respondeu a solicitações de entrevista de veículos nacionais, incluindo o UOL. A jornalista Juliane Cerasoli, que cobriu o caso para o portal, descreveu a postura da emissora como "silenciosa" e "cautelosa".

Especialistas em mídia alertam que a prática de "pejotização" pode gerar ações trabalhistas, enquanto a venda de horários a grupos religiosos pode repercutir na credibilidade da programação local. Por outro lado, analistas financeiros veem a necessidade de reestruturação como inevitável, sugerindo que a Band busque novos investidores ou um plano de renegociação de dívidas.

Histórico da Band e precedentes de dificuldades financeiras

A emissora, fundada em 1967, já atravessou crises nos anos 1990 e 2008, períodos marcados por quedas abruptas no faturamento publicitário. Na última década, a estratégia de expansão regional trouxe ganhos, mas também aumentou a dependência de receitas locais, que são mais voláteis.

Em 2019, a Band já havia cedido horários da madrugada para a Igreja Universal do Reino de Deus, prática retomada agora sob pressão financeira. A recorrência desses acordos indica que a emissora ainda carece de um plano de sustentabilidade a longo prazo.

Perguntas Frequentes

O que motivou o desabafo de Luiz Almir?

Almir decidiu falar ao vivo após perceber que seu salário havia sido reduzido em 50% e que sua horário de transmissão foi cortado, além de ser pressionado a abrir empresa para mascarar vínculo empregatício.

Como a crise afetou os funcionários da Band?

Além dos cortes salariais, muitos trabalhadores não receberam o vale‑refeição na data prevista em setembro de 2025, e alguns tiveram que mudar de função ou aceitar contratos como pessoa jurídica.

Qual foi o impacto na transmissão da Fórmula 1?

A dívida com a produtora de F1 quase impediu a cobertura do GP de Singapura; a equipe de produção foi quase deixada sem staff, mas o pagamento foi efetuado nos últimos minutos antes do treino livre.

Qual a relação da Band com a Igreja Universal do Reino de Deus?

Devido à falta de caixa, a Band arrendou faixas de madrugada para a Igreja Universal, replicando um acordo semelhante feito em 2019, a fim de gerar receita imediata.

O que especialistas recomendam para a Band superar a crise?

Especialistas sugerem renegociação de dívidas, busca de novos investidores e a revisão de práticas de contratações que vulnerabilizam direitos trabalhistas, além de diversificar fontes de receita além da publicidade tradicional.