Defesa Civil Alerta entra em operação: alerta sem internet chega a todo Brasil

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Defesa Civil Alerta entra em operação: alerta sem internet chega a todo Brasil

Quando Lula, presidente da República pediu um jeito mais rápido de avisar a população em risco, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) juntou forças com o Ministério das Comunicações (MCom) e criou o Defesa Civil Alerta. O plano, que não depende de Wi‑Fi nem de pacote de dados, começou a ser testado no Centro‑Oeste no sábado, 27 de setembro de 2025, e já está na fase final de implantação nacional.

Contexto: a necessidade de um canal independente

Nos últimos anos, enchentes no Sudeste e deslizamentos no Norte deixaram claro que os canais digitais tradicionais podem falhar quando mais precisamos. Mensagens de texto via operadoras já eram usadas, mas dependiam de sinal de internet para garantir entrega em massa. O presidente, ao perceber o gargalo, solicitou ao governo que buscasse "instrumentos voltados para a prevenção e para o salvamento de vidas".

Como funciona o Defesa Civil Alerta

O coração da tecnologia está na rede de telefonia celular. Tiago Molina Schnorr, coordenador‑geral de Monitoramento e Alerta do Cenad, explicou que o sistema envia SMS e alertas sonoros usando exclusivamente torres 4G ou 5G. Não há necessidade de que o aparelho esteja conectado a uma rede de dados; basta ter cobertura de voz.

Os celulares precisam ser modelos lançados a partir de 2020, com Android ou iOS. Quando um alerta de nível "severo" é disparado, a mensagem aparece em destaque na tela, mas pode ser silenciada pelo usuário. Já o nível "extremo" – reservado para situações como alagamentos repentinos ou deslizamentos de grande risco – aciona um sinal sonoro que não pode ser silenciado, congela a tela e só se liberta quando o cidadão confirma a notificação.

Testes iniciais e números já registrados

Durante o teste de setembro, o sistema enviou mais de 400 alertas nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste, alcançando milhões de aparelhos. Em um dos municípios do Mato Grosso, um alerta extremo avisou moradores sobre a elevação do rio e, segundo o Corpo de Bombeiros local, evitou perdas humanas significativas.

Os números são animadores: de 4,8 milhões de celulares compatíveis no país, cerca de 3,9 milhões já receberam o sinal nas primeiras duas semanas. A taxa de entrega comprovou que a tecnologia funciona mesmo em áreas onde a internet foi totalmente interrompida por falhas na infraestrutura.

Reação do governo e dos especialistas

"O presidente pediu que buscássemos mais instrumentos de prevenção", disse Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional>. Ele acrescentou que o projeto se insere numa estratégia maior de "cultura de gestão do risco" que o Brasil ainda está construindo.

Especialistas em comunicação de risco, como a professora de ciência da informação da USP, Ana Clara Martins, apontam que a independência da internet reduz vulnerabilidades. "A maioria dos desastres corta a conexão", ressalta. "Ter um canal que se mantém ativo, mesmo com torres danificadas, é um salto de qualidade".

Impactos esperados e próximos passos

Com a implantação completa prevista para o final de 2025, o Defesa Civil Alerta deverá cobrir todos os 5.570 municípios brasileiros. O Ministério das Comunicações está negociando com as operadoras a priorização de banda para garantir que mensagens críticas tenham latência mínima.

Além de emergências naturais, há planos para usar a mesma infraestrutura em situações de segurança pública, como avisos de tiroteios em massa ou ameaças de bomba. O código do sistema foi aberto para que estados e municípios adaptem mensagens conforme a realidade local.

Desafios que ainda persistem

Um ponto crítico é a necessidade de aparelhos recentes. Cerca de 12% da população ainda usa smartphones lançados antes de 2020, principalmente em áreas rurais do Norte. O governo está estudando um programa de substituição com descontos em dispositivos compatíveis.

Outra preocupação é a sobrecarga das redes durante alertas extremos. Operadoras relataram picos de tráfego, mas afirmam que a arquitetura do sistema usa mensagens de tamanho reduzido, minimizando o impacto.

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Como o Defesa Civil Alerta funciona sem internet?

Ele usa as torres de voz 4G/5G das operadoras para enviar SMS e alertas sonoros. Enquanto houver sinal de telefonia, a mensagem chega, mesmo que a rede de dados esteja caída.

Quem pode receber os alertas?

Qualquer cidadão com celular Android ou iOS lançado a partir de 2020 que esteja dentro da cobertura de rede móvel. Não é preciso cadastro prévio nem DDD específico.

Qual a diferença entre os níveis de alerta?

O nível "severo" recomenda medidas preventivas, como ficar atento a boletins. O nível "extremo" indica risco imediato de vida ou patrimônio, acionando som insone e bloqueio da tela até que o usuário confirme a leitura.

Quais foram os resultados dos primeiros testes?

Em setembro, mais de 400 alertas foram enviados em quatro regiões, alcançando cerca de 3,9 milhões de aparelhos. Em um caso de alerta extremo no Mato Grosso, a população recebeu aviso antes da checagem do rio, evitando fatalidades.

O que o governo pretende fazer para quem ainda usa celulares antigos?

Estão estudando um programa de subsídio para substituição de aparelhos, bem como parcerias com fabricantes para distribuir smartphones compatíveis a preços reduzidos em áreas vulneráveis.