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- por Thiago Brayner
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Mirassol faz mais com menos e derruba o Fortaleza no Castelão
Um elenco com valor de mercado quase duas vezes menor saiu do Castelão com três pontos. Foi assim neste domingo, 24 de agosto de 2025: o Mirassol venceu o Fortaleza por 1 a 0 e mostrou, de novo, que eficiência pesa mais que volume. Em um jogo amarrado e de margens pequenas, a equipe paulista controlou os momentos-chave e levou a melhor fora de casa.
O duelo começou cercado por números que já apontavam um visitante competitivo. Antes da bola rolar, o Mirassol aparecia em 6º, com 29 pontos, e um ataque mais produtivo na temporada (média de 1,61 gol por jogo, contra 1,00 do Fortaleza). Em chances geradas, os paulistas também vinham à frente: 1,53 xG por partida, ante 1,20 dos cearenses. Na prática, o time de Rafael Guanaes manteve o padrão: não precisa finalizar muito para machucar.
O Fortaleza até chutou mais (14 a 7), empurrou o adversário para trás em alguns trechos e rondou a área. Faltou transformar presença em chance limpa. Nas ações com a bola, quase equilíbrio: posse de 51,3% para o Mirassol e 48,7% para o Leão, com ambos cuidando bem do passe (83% de acerto dos visitantes e 82% dos mandantes). Onde o Mirassol foi melhor? No mano a mano: 9 dribles certos contra 6. Esse detalhe abriu rotas para progredir quando o jogo ficou travado por dentro.
O gol saiu de uma dessas poucas brechas. O Mirassol foi letal quando apareceu em condição clara, e o Fortaleza sentiu. A defesa visitante, bem postada, encaixou a marcação na entrada da área e tirou o peso das finalizações do rival, que acumulou chutes sem o ajuste fino do último passe. Na bola parada, que costuma ser um desafogo para quem precisa furar bloqueios, o Fortaleza não converteu a vantagem histórica de escanteios (média recente de 6,11 por jogo, contra 5,17 do Mirassol) em perigo real nesta noite.
Se o placar foi curto, a diferença de execução apareceu nas avaliações individuais: média de nota 6,94 para os visitantes, contra 6,47 dos donos da casa. O espelho do jogo: uma equipe mais conectada nas pequenas ações — coberturas rápidas, temporização nos duelos, escolhas simples na saída — contra outra que entregou energia, mas sem o mesmo acabamento.
O roteiro também conversa com o primeiro encontro entre os dois no campeonato, em 6 de abril, que terminou 1 a 1. Lá, o Fortaleza segurou bem as transições e conseguiu equilibrar o placar. Desta vez, o Mirassol repetiu a estrutura, protegeu a área e foi mais maduro para decidir quando teve a chance. É o tipo de ajuste que se nota na tabela ao longo das semanas.
O que fica: tabela, pressão e próximos passos
Com a vitória, o Mirassol chega a 32 pontos e se firma na metade de cima da Série A. Segue o retrato da campanha: produção ofensiva sólida, controle emocional e pouca oscilação entre casa e fora. Para um clube que trabalha com folha e elenco mais enxutos (cerca de € 19,67 milhões em valor de mercado, contra € 41,2 milhões do Fortaleza), competir nessa faixa mostra processo bem azeitado.
Do outro lado, o Fortaleza para nos 15 pontos. O time tem posse, chega ao terço final, mas sofre para transformar volume em gol. O alerta acende nas conexões pelo meio: quando os passes verticais não encontram apoio entre linhas, os cruzamentos viram saída quase obrigatória — e a defesa rival agradece. A comissão técnica precisa calibrar esse último toque para recolocar a equipe nos trilhos.
Há ainda o aspecto disciplinar. Até esta rodada, o Fortaleza somava 6 cartões amarelos e 1 vermelho na temporada, enquanto o Mirassol tinha 5 amarelos e 1 vermelho. Nada fora da curva, mas, em jogos decididos no detalhe, levar menos riscos ajuda a manter o plano de jogo intacto. E o Mirassol, novamente, conseguiu ditar o ritmo sem se expor demais.
No micro do jogo, a fotografia é clara: o Fortaleza tentou acelerar pelas pontas, mas trombou com coberturas bem coordenadas. O Mirassol respondeu com paciência e boas escolhas na transição curta, atraindo a pressão para soltar a bola no tempo certo. Pouco brilhante, muito objetivo. Quando a margem é pequena, é isso que define.
O resultado também pesa no vestiário. Rafael Guanaes sai elogiado pela leitura tática e pela consistência defensiva, enquanto o elenco ganha confiança para manter o embalo. No Fortaleza, a cobrança aumenta. A torcida viu entrega, só que sem o passe que destrava o jogo. Ajustar isso precisa ser prioridade imediata para evitar que a distância em relação ao bloco de cima cresça.
Em números, o mapa da partida reforça a história contada em campo:
- Finalizações: Fortaleza 14 x 7 Mirassol
- Posse de bola: Mirassol 51,3% x 48,7% Fortaleza
- Precisão de passe: Mirassol 83% x 82% Fortaleza
- Dribles certos: Mirassol 9 x 6 Fortaleza
- Notas médias: Mirassol 6,94 x 6,47 Fortaleza
- Contexto histórico 2025: empate por 1 a 1 no primeiro turno
No Castelão, o espelho foi esse: um time com mais tentativas e outro com decisões melhores. E, no Brasileirão, as decisões certas quase sempre valem mais do que o volume.
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