Frente polar traz geada histórica ao Brasil em junho de 2024

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Frente polar traz geada histórica ao Brasil em junho de 2024

O que desencadeou a frente polar de junho?

Entre os dias 8 e 14 de junho, um bloco de ar ártico avançou rumo ao Brasil, guiado por um forte gradiente de pressão entre a Antártida e o Atlântico Sul. Esse frente polar trouxe consigo massas de ar muito mais frias que as típicas para a estação, provocando quedas bruscas nas temperaturas mínimas, sobretudo nas primeiras horas da manhã.

Os mapas de anomalia térmica mostraram a extensão do fenômeno: áreas em azul escuro – Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro – registraram mínimas até 5 °C abaixo da média histórica de junho. Nas regiões de tom azul claro, que compreendem grande parte do Centro‑Sul, o desvio foi de 3 a 5 °C.

Embora menos intenso que a primeira onda de frio de maio, que chegou a registrar mínimas abaixo de 5 °C em várias cidades, o frio de junho foi mais abrangente, atingindo um número maior de municípios num curto intervalo.

Impactos nas regiões afetadas

Impactos nas regiões afetadas

O inverno precoce provocou reações imediatas em diversos setores. Na agricultura, lavouras de soja e milho em fase de desenvolvimento sofreram atrasos, pois o frio excessivo atrasa o crescimento vegetativo e aumenta o risco de formação de geada nas áreas de planície.

  • Produtores rurais relataram a necessidade de usar coberturas térmicas em áreas vulneráveis.
  • Geralmente, as plantações de cana‑açúcar nas regiões sul‑sudeste ainda não estavam em fase de dormência, o que elevou a preocupação com perdas de produtividade.

No setor energético, o consumo de energia elétrica subiu cerca de 12 % nas capitais sulistas, pressionando a rede de distribuição já sobrecarregada pelos apagões de 2023. As distribuidoras acionaram protocolos de emergência e aumentaram a oferta de energia termelétrica para evitar cortes.

Em termos de saúde pública, hospitais registraram um aumento de casos de crises asmáticas e resfriados. A população idosa foi aconselhada a manter ambientes aquecidos e a evitar exposição prolongada ao frio nas primeiras horas do dia.

As autoridades meteorológicas emitiram alertas de frio intenso, recomendando que motoristas reduzissem a velocidade ao amanhecer, quando a formação de gelo nas estradas é mais provável.

Os serviços de comunicação divulgaram informações detalhadas sobre a evolução da frente polar, permitindo que cidades como Porto Alegre, Campinas e Belo Horizonte se preparassem com medidas preventivas, como distribuição de mantas térmicas para famílias em situação de vulnerabilidade.

Mesmo após o término da onda, as temperaturas permaneceram abaixo da média por alguns dias, mantendo a sensação de inverno prolongado no país. Os especialistas apontam que a tendência de eventos climáticos extremos pode estar relacionada a alterações nos padrões de circulação atmosférica global, demanda que será acompanhada de perto nos próximos meses.